sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Crime Ambiental em Braço do Norte, Grão Pará e Santa Rosa de Lima...


POLÍCIA CIVIL PRENDE HOMEM POR CRIME AMBIENTAL

Ontem pela manhã a equipe de investigação de Braço do Norte, em conjunto com policiais civis das cidades de Grão Pará e Santa Rosa de Lima, coordenados pelos delegados Leonardo Valente e Francisco Ribeiro, deflagraram a operação "Fauna Segura", que culminou com a prisão em flagrante de  Fridolino Heidemann. Na casa dele, foram apreendidas duas espingardas usadas para caça, além de munições e armadilhas. As investigações nas cidades que pertencem à Comarca de Braço do Norte começaram após denúncias anônimas, que apontavam a ocorrência de caça e cárcere de animais silvestres na região. Em parceria com a Polícia Militar Ambiental, 3 mandados de busca e apreensão foram cumpridos, em Santa Rosa de Lima e Grão Pará. Na casa de outro agricultor, Lindolfo Ballmann, os policiais apreenderam uma arma de fogo, dois pássaros silvestres, dois animais mortos e congelados, além de armadilhas usadas para caçar.O proprietário da casa não foi localizado e deverá se apresentar ao Delegado responsável pelas investigações, acompanhado de advogado.



Do "Jornal Absoluto" de 27 de janeiro de 2012: http://www.jornalabsoluto.com.br/edicao.php?data=2012-01-27

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

É infindável a quantidade de atropelamentos...

...de animais silvestres! Os documentados são apenas a ponta de um iceberg!

Esta recebi via Twitter:

 Censo das Eco Redes 
Onça parda atropelada em MT passa por exames e eutanásia não é descartada.  via 

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Estradas-cemitérios... De animais silvestres...


Falta de consciência

Animais silvestres morrem atropelados em rodovia estadual, em Cianorte (PR)

02 de dezembro de 2011

Foto: Divulgação/O Diário
Os animais silvestres que habitam o Parque Municipal Cinturão Verde têm sido vítimas constantes de atropelamentos na PR-082, no trecho que liga os municípios de Cianorte (a 80 km de Maringá) e São Tomé (a 95 km de Maringá). Somente entre domingo (25) e terça-feira (29), três atropelamentos resultaram na morte de quatro macacos pregos.
Conforme a bióloga e chefe da Divisão de Educação Ambiental de Cianorte, Cristiane Roco, “de 2009 a 2011, 22 animais foram mortos por automóveis no intervalo entre o Lago da Concórdia e a Bica. As vítimas mais comuns são macacos, tatus galinha, tamanduás–mirins, quatis, cobras-coral e ouriços. Isso sem levar em conta os animais que a própria população retira do local, sem comunicar a Secretaria Municipal de Meio Ambiente”, diz.
No último dia 29, a morte de uma macaca e do filhote dela, que tentavam atravessar a pista e foram atingidos por um veículo em alta velocidade, causou grande indignação e revolta dos moradores e transeuntes da região.
“O atropelamento de animais silvestres nesta rodovia é um problema antigo. Já encaminhamos ofício ao Departamento de Estradas e Rodagem (DER) para que tome providências”, afirma o secretário municipal de Meio Ambiente, Jose Ícaro Monteiro Maranhão. “Como a rodovia atravessa o Parque, se faz necessária a instalação de redutores de velocidade e a criação de passagens subterrâneas para a travessia dos animais”.
Segundo Maranhão, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente vai colocar novamente placas indicativas da presença de animais silvestres na área. “Na próxima semana estaremos instalando-as novamente. Os motoristas precisam ter a consciência de que devem passar devagar pela região. Vale lembrar que a PR-082 também atravessa a pista de caminhada e o tráfego de veículos em alta velocidade coloca em risco até mesmo a vida das pessoas que utilizam a pista”, explica.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Polícia Rodoviária Federal em ação contra caçadores!

Muito bom trabalho! Devemos incentivar este tipo de ação!





@PRF191SC

PRF Santa Catarina November 18, 2011
  
Policiais rodoviários federais de rancho queimado flagram crime ambiental.

Policiais rodoviários federais do posto de Rancho Queimado/SC, na BR 282,
flagraram hoje (17/11/2011) pela manhã um motorista transportando 12
pássaros nativos silvestres (Tia Chica) de forma irregular, em flagrante
delito. Os pássaros foram capturados e estavam sendo transportados pelos
caçadores.

O motorista desviou do posto da PRF e acessou um desvio, mas os policiais
perseguiram o veículo suspeito e conseguiram abordá-lo. Além dos pássaros
os policiais encontraram apetrechos de caça (anestésico, agulha cirúrgica,
seringa, redes, roupas camufladas).

Dois homens, um de 43 anos e outro de 23 anos foram presos e encaminhados
para a Polícia Ambiental, juntamente com os pássaros e o veículo.
Policiais Rodoviários Federais de Rancho Queimado flagram crime ambiental.

Policiais rodoviários federais do posto de Rancho Queimado/SC, na BR 282,
flagraram hoje (17/11/2011) pela manhã um motorista transportando 12
pássaros nativos silvestres (Tia Chica) de forma irregular, em flagrante
delito. Os pássaros foram capturados e estavam sendo transportados pelos
caçadores.

O motorista desviou do posto da PRF e acessou um desvio, mas os policiais
perseguiram o veículo suspeito e conseguiram abordá-lo. Além dos pássaros
os policiais encontraram apetrechos de caça (anestésico, agulha cirúrgica,
seringa, redes, roupas camufladas).

Dois homens, um de 43 anos e outro de 23 anos foram presos e encaminhados
para a Polícia Ambiental, juntamente com os pássaros e o veículo.
Recebido via Twitter. http://twitpic.com/7fqqa6)

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Tamanduá com queimaduras voltou ao seu ambiente!


Caso raro

Tamanduá resgatado com queimaduras volta para a natureza, em Taquaritinga (SP)

28 de novembro de 2011

Foto: Divulgação
Um filhote de tamanduá-bandeira resgatado com queimaduras por todo o corpo, em um sítio de Taquaritinga, em junho, voltou para sua habitat. O animal ficou cinco meses internado na Faculdade de Ciências Veterinárias da Unesp, em Jaboticabal, e foi solto no início deste mês.
A fêmea foi encontrada pelo morador do sítio, bastante debilitada. Segundo Maristela Natalina Cabrera, moradora de Taquaritinga, que foi responsável por mobilizar o Corpo de Bombeiros no resgate do animal e se tornou “madrinha” dele, a sensação é de alívio e felicidade em ver o animal de volta à natureza. Ela participou da soltura do animal e mandou as fotos para o Você é a Notícia.
Tratamento
Quando foi resgatado, o tamanduá apresentava queimaduras graves, nas quatro patas, no nariz e na face. A extensão dos ferimentos comprometia a respiração e a visão. Veja o vídeo do resgate.
Por meses, o animal passou por cuidados. “Cada curativo exigia anestesia geral para amenizar o sofrimento do animal e para segurança da equipe”, explica a professora do Departamento de Patologia da Unesp, Karin Werther.
Foto: Divulgação
Mas o maior desafio foi a alimentação, foi preciso fazer uma cirurgia para instalar uma sonda no esôfago. “O animal de vida livre não aceita a alimentação em forma de ‘papa’ oferecida em cativeiro. Nesses casos a nossa experiência nos mostrou que colocando uma sonda gástrica – procedimento cirúrgico com anestesia geral – conseguimos fazer a alimentação. Porém, algumas vezes o animal arrancou a sonda, sendo necessária a recolocação”, conta a veterinária.
Antes de voltar para a natureza, o tamanduá teve que passar por uma adaptação. “Como o animal chegou ainda filhote e a internação foi em recinto de 8 metros quadrados, foi necessário, após a resolução das feridas, uma adaptação em recinto de 500 metros quadrados para ter uma maior atividade física e para desenvolver a musculatura”, explica Karin.
Caso raro
O resgate e a soltura de um animal de volta à natureza é um caso raro. Na Unesp, isso ocorreu apenas uma vez antes, com um lobo guará.
Embora, o animal tenha conseguido voltar para o seu lugar, a preocupação não acaba. “Do ponto de vista de doenças, às vezes a soltura de um animal pode representar um risco para toda uma população existente no local. Muitas vezes, o habitat não existe mais, como no caso da colheita da cana e outras monoculturas, ou no local não existe alimento suficiente ou existe a presença de predadores, concorrentes pelo mesmo espaço e alimento. Além disso, o animal corre riscos de atropelamento nas rodovias e de novas queimadas na região”, diz a veterinária.

Onças Pintadas: porque estão atacando humanos?


Cientistas Querem Saber Por Que as Onças Estão Atacando Seres Humanos no Pantanal

A sombra de um tarumã em um barranco do rio Paraguai foi o local escolhido para camuflar a armadilha. A câmera trap, de disparo automático, ficou uma semana presa ao tronco da árvore para tentar solucionar um mistério: quantas onças-pintadas visitavam aquele ponto remoto do Pantanal no Mato Grosso?
A expectativa dos técnicos do Instituto Chico Mendes de Conservação, o ICMBio, órgão responsável pela fiscalização das terras protegidas nacionais, aumentou quando recuperaram a câmera e constataram que havia disparos – sinal de que a armadilha funcionara. Mas a cena que apareceu no visor da máquina trouxe tristeza a todos. Não era nenhum felino selvagem, e sim um homem e uma mulher acendendo uma vela, ajoelhados ao lado de um pequeno cruzeiro de frente para o rio. O casal visitava o lugar no qual o filho, o pescador Luiz Alex da Silva Lara, havia sido morto por uma onça, em 2008.
A morte de Alex foi a quebra de um tabu. Nas lendas de índios e ribeirinhos das florestas e dos sertões brasileiros, são muitas as histórias de homens mortos pelo maior felino das Américas, mas todas sem nenhum registro oficial, o que tornava o ataque fatal da onça-pintada algo mais próximo de um mito. O único caso que se conhecia datava da década de 1980, quando um menino de 8 anos morreu na Vila dos Engenheiros, a residência dos técnicos de uma mineradora em Carajás, no Pará. Aquela, porém, foi uma investida de onça-parda. A falta de registros de ataques também levava os pescadores a crer que as onças avistadas jamais iriam importuná-los nos acampamentos.
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Ao conduzir turistas, Douglas Trent (de boné preto) evita imprevistos: não chega a menos de 20 metros dos bichos e não deixa o barco parado por mais de 20 minutos
Alex foi surpreendido enquanto dormia em uma barraca. Ele acompanhava o pai, Alonso Silva, o mesmo senhor flagrado pela câmera trap e pescador profissional de iscas. No momento do ataque, o jovem estava sozinho. Há duas versões para a localização de Alonso: uma dá conta de que ele estava posicionado abaixo do barranco, limpando peixes às margens do rio, e outra de que ele estaria pescando iscas fora do acampamento e chegou de barco, em tempo de escutar um barulho e se deparar com um animal grande arrastando o filho. Daí em diante, o pai tentou, sem sucesso, espantar o bicho. Decidiu então pegar o barco e buscar socorro. Na lembrança de seu Alonso, eram duas onças. A perícia feita pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap), ligado ao ICMBio, aponta que havia apenas um felino no local.
Foi o fim da coexistência pacífica entre as pessoas e as onças em Cáceres, no Mato Grosso, a 221 quilômetros de Cuiabá. Surgiram rumores de que alguém estaria matando os predadores. A carcaça de um animal sem cabeça, recolhida por fiscais meses depois, era uma das provas. As primeiras suspeitas recaíram logo no pai de Alex. “Ninguém pode acusar Alonso, pois muita gente ficou com medo. Pode ter sido qualquer um, até um dono de barco-hotel”, diz o pescador João Alves. “Passamos a ter mais cuidado, e mais medo, pois onça tem muita. Parei de dormir no barranco. Só no rio, dentro do barco.”
Localizada na vizinhança da fronteira com a Bolívia, Cáceres tem sua economia baseada na pecuária. No entanto, nos últimos anos, o turismo de pesca se tornou uma atividade rentável. A cidade chega a receber mais de 100 mil visitantes por ano, atraídos pela facilidade em fisgar peixes grandes, como pintado, dourado e pacu. Alex, o jovem morto pela onça, e seu pai, seu Alonso, trabalhavam como coletores de isca para abastecer os barcos de turistas.
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Além dos peixes do rio Paraguai no Mato Grosso, os turistas são atraídos com a expectativa de avistar as onças. O hábitat da Panthera onca abrange quase todos os ambientes do Brasil. Sua população recuperou-se nos últimos anos
Um segundo incidente envolvendo uma onça-pintada, em junho de 2010, ocorreu a menos de 50 quilômetros do ponto em que Alex faleceu e tornou real um pesadelo para empresários e autoridades locais. A vítima foi um turista em um barco-hotel durante uma pescaria. O bicho pulou do barranco para o barco onde estavam os viajantes e derrubou no rio o estudante João Vitor Brás, de 16 anos. Internado em coma, o jovem, por sorte, sobreviveu. “Nasci de novo”, disse ele à imprensa na época.
As imagens das duas vítimas mostram a ferocidade e o estrago do bote desse felino. Em ambos os casos, os jovens tiveram a cabeça dilacerada e o corpo retalhado pelas garras dos animais. Maior carnívoro da fauna terrestre brasileira, a onça-pintada alimenta-se de 2 quilos de carne por dia quando em cativeiro. É um predador de topo de cadeia, ou seja, um caçador responsável por controlar a população de outros bichos, como capivaras e queixadas. E, diferentemente de seus parentes africanos e asiáticos, que matam suas vítimas por estrangulamento, o felino americano tem uma forma peculiar de aniquilar suas presas: com o poder de sua mandíbula, esmaga a base do crânio. “Em termos proporcionais, a mordida dela é mais forte que a do tigre e a do leão”, explica Peter Crawshaw, pesquisador do Cenap. A diferença entre os casos do pescador Alex e de João Vitor é que, no segundo, o turista teve a sorte de cair no rio. Ele sobreviveu porque a onça não conseguiu usar toda a força para mordê-lo. “Com isso, João Vitor sofreu ‘apenas’ um traumatismo craniano”, diz Crawshaw.
Diante dos dois incidentes, cientistas e ambientalistas começaram a buscar explicações. Por que naquela região estariam ocorrendo ataques de onças-pintadas? O primeiro obstáculo para compreender a situação – e assim salvar a vida de pessoas e animais – foi a total escassez de pesquisas sobre os felinos na área de Cáceres. Faltam estudos até mesmo na Estação Ecológica de Taiamã, criada, em 1981, nas ilhas fluviais de Taiamã e Sararé, uma localização estratégica para a pesquisa científica no rio Paraguai, um dos principais formadores da bacia pantaneira. As duas ilhas abrigam em seus 11,2 mil hectares pontos de grande concentração de biodiversidade.
Uma dúvida dos cientistas é se a agressividade desse animal é motivada por uma retomada da população em uma zona na qual ela estava desaparecida na década de 1980 ou pela invasão do território dos felinos em decorrência do aumento do turismo – ou por uma conjunção destes e de outros fatores. Algumas respostas podem vir dos trabalhos que Rogério Cunha de Paula, pesquisador e chefe substituto do Cenap, e Crawshaw estão realizando em Taiamã. Seu objetivo é fazer um estudo da ecologia das onças, o que inclui um levantamento populacional. “As análises são iniciais. Não podemos afirmar que existe superpopulação”, alerta Crawshaw.
Alguns indivíduos serão marcados com radiocolar para que seus hábitos sejam monitorados e seus territórios determinados. A técnica já está sendo usada em Taiamã e no Parque Nacional do Pantanal – uma região em que Crawshaw atua desde 1976, quando acompanhou o famoso naturalista americano George Schaller em sua passagem pelo Brasil. Curiosamente, ele esteve naquela porção pantaneira porque ali as onças corriam iminente risco de desaparecer.
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Pesquisadores registram pegadas de onça na mesma área onde Alex da Silva foi morto, em 2008
Na década de 1970, uma das ameaças à espécie era a falta de vigilância na fronteira com a Bolívia, o que fazia da área uma porta de entrada de caçadores profissionais que abasteciam a indústria de peles. Na época, as onças viravam cobiçados casacos, vendidos por até 5 000 dólares em lojas finas de Buenos Aires, na Argentina.
O inglês Richard Mason, um ex-caçador de 70 anos que administra uma pousada na chapada dos Guimarães, no Mato Grosso, testemunhou o tempo de abundância e de declínio de felinos naquela parte do Pantanal. Ele atuava na região a serviço de pecuaristas para matar as onças que estavam se alimentando de bezerros, em um período no qual a caça era permitida. “Até a década de 1960 tinha bastante onça. Cheguei a pegar animais com mais de 2 metros de comprimento e 100 quilos”, conta o inglês, referindo-se aos grandes predadores da região, que superam os padrões encontrados nas florestas da Amazônia. Para o ex-caçador, o problema do gado não era com as onças grandes, e sim com os chamados guaxos, jovens de pequeno porte que perdem a mãe cedo, não sabem caçar direito e se tornam devoradores de gado. “Eu apostaria que o animal que atacou o filho do pescador é um guaxo. Eles costumam ser os mais ferozes, pois passam muito tempo com fome.”
Apesar de orgulhar-se de seu passado, Mason se posiciona contra as caçadas ilegais no Brasil – como as comandadas pelas quadrilhas presas em dezembro de 2010 pela Polícia Federal, na Operação Jaguar. “É uma desonra para os caçadores profissionais. Esses grupos são formados por filhos ricos da elite, que não têm coragem de encarar o bicho e matá-lo com um tiro só. É terrível: eles chegam a dar até 20 tiros na mesma onça, e matam fêmeas prenhes e filhotes.” Antes defensor da liberação da caça no Brasil, nos moldes do que ocorre na África e nos Estados Unidos, Mason diz ter mudado de ideia diante da falta de conscientização e de fiscalização.
Uma das soluções sugeridas pelo ex-caçador é a regularização do turismo de observação dos animais em Cáceres – proposta também defendida pelo Cenap. Os estudos liderados hoje por Rogério Cunha visam buscar uma forma de coexistência pacífica entre as onças e os turistas que já visitam a localidade, ou seja, usar a favor dos animais o que há de mais especial em Taiamã: a chance de ver esses felinos com facilidade em uma das paisagens mais belas do Pantanal – uma região na qual os biomas da Amazônia e da planície pantaneira se misturam e o espelho d’água dá vida a um emaranhado formado por céu, rio, aguapés de flores roxas e vitórias-régias.
Diante do turismo crescente, a saída para minimizar os conflitos em Cáceres foi a criação de regras de observação das onças. As normas, elaboradas pelos técnicos do Cenap e distribuídas no ano passado, são dirigidas a todos os donos de barcos-hotéis, pescadores e pilotos de lanchas da cidade. “Alguns guias e barqueiros locais passaram a cevar os bichos para garantir que o turista irá vê-los”, acusa o biólogo Rogério Cunha, do Cenap. A prática da ceva consiste em jogar peixes ou deixar carcaça de animais para que os felinos se aproximem dos barcos. “É algo muito perigoso, pois faz com que associem o homem à comida.” Cunha relembra que aproximar-se desse animal sem cuidados é pedir para que algo de ruim aconteça. O combate à ceva virou prioridade para os órgãos ambientais.
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Após o ataque de uma onça, João Alves cercou seu acampamento com fios elétricos ligados a um gerador
O alimento fornecido pelos seres humanos talvez sirva como parte da explicação dos dois ataques. “No primeiro caso, é possível que tenha ocorrido uma ceva não intencional, pois a onça poderia ter sido atraída por restos de iscas que estavam na beira do rio”, conta Ronaldo Morato, diretor do Cenap e outro mentor do projeto para o ordenamento do turismo de observação de felinos. No segundo, os guias de pesca aproximaram demais o barco ao barranco, justamente em um dos pontos em que a equipe do Cenap já havia localizado várias cevas. “Não dá para afirmar que essa foi a motivação, mas é a nossa tese principal.”
A facilidade com que se avista uma onça-pintada nos arredores da estação ecológica é surpreendente. Em três dias de barco em Taiamã, ficamos de cara com três indivíduos da espécie, um número elevado, pois, ao contrário do leão e do guepardo, acostumados com carros de turistas em países africanos, a onça é desconfiada. É conhecida por ser um animal de “emboscada” e que evita o contato com os seres humanos. Em menos de quatro horas de viagem de barco, topamos com a primeira onça da expedição, que estava cruzando a nado o rio Paraguai.
Paramos a embarcação e ouvimos o esturro do animal, o grito rouco e similar ao ronco de um motor. No dia seguinte, uma segunda onça possibilita um contato maior. Deitada em um tronco de árvore, ela dorme. Mal se incomoda com a nossa presença, a uns 10 metros dela. Depois de muita relutância, levanta-se devagar, sem nenhum tipo de reação agressiva, e arrasta o corpo pesado por uns 5 metros até a sombra de uma figueira para então se largar na areia fofa. “Não é normal uma onça agir dessa forma. Na Estação Ecológica Taiamã, elas parecem não se importar com a presença humana”, diz Morato.
Os vigias da estação são os que convivem com maior proximidade. Eles permanecem isolados na pequena casa de alvenaria por até três semanas. “Já ficamos presos por horas na casa do gerador, esperando que uma onça que dormia no meio da trilha resolvesse partir”, conta Maria Sebastiana de Moraes. Ela e o marido, Gustavo Cezar Ferregin, trabalham em Taiamã há um ano. Quando aceitaram o emprego, já tinham ouvido falar dos predadores. “Minha mãe dizia que iríamos morrer devorados. Mas eu não tenho medo. Sei que, se seguirmos as indicações dos cientistas, não vamos correr perigo”, diz Maria.
Muitos concordam e acham que é possível a coexistência com os predadores em Cáceres. E que isso pode trazer benefícios para as pessoas. “Acredito que as onças agem de forma diferente aqui porque sabem que não são incomodadas”, diz Douglas Trent, um americano especialista em ecoturismo e que atua no Pantanal há três décadas. Trent leva grupos para viajar nos arredores de Taiamã. O foco de suas expedições é a observação dos felinos. Ele foi o primeiro a perceber o potencial do local para essa prática e tem um acervo de mais de 3 mil fotos de 42 onças. “Basta respeitar as regras mínimas e ter consciência de que, apesar de belo, trata-se de um animal selvagem e territorial.”
Em suas expedições, Trent não permite que ninguém fale nem se aproxime a menos de 20 metros dos animais. Quem quiser obter closes precisa estar equipado com teleobjetivas. Também é preciso ser rápido, já que o barco não permanece parado por mais de 20 minutos.
No início de 2011, um decreto regularizou o turismo de observação de onças no Mato Grosso. As regras foram definidas com o apoio técnico do Cenap e dos órgãos ambientais e de turismo do estado. “Agora caminhamos para uma relação pacífica entre os felinos e as pessoas em todo o Pantanal”, diz Ronaldo Morato.

Mais "sem habitat"...


Sem habitat

Casos de animais silvestres encontrados em áreas urbanas estão se tornando mais comuns no Paraná

28 de novembro de 2011

Duas onças-pardas foram vistas em áreas urbanas no Paraná recentemente. No final de outubro, um animal apareceu no quintal de uma casa em Tibagi, nos Campos Gerais.
E no início de novembro outro felino se escondeu dentro de uma churrasqueira em Corbélia, no Oeste do estado. O dono da churrasqueira é Láercio de Souza Dias, empresário de Corbélia, que tinha estacionado o carro e se entrava em casa pela garagem, quando ouviu um rugido vindo da churrasqueira.
Fonte: CBN