Rodovia Ecológica Começa a Virar Realidade
Published on 6 de setembro de 2011.
Foi entregue ao Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) um relatório de programas ambientais do Dnit (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes) para possibilitar que um trecho da BR-262 se transforme na primeira rodovia ecológica de Mato Grosso do Sul. O trecho de 284,2 km, que liga Anastácio a Corumbá, deverá ter uma série de melhorias e programas especiais para não agredir o ecossistema local, o Pantanal sul-mato-grossense.
No relatório de itens, constam as condicionantes estabelecidas pelo órgão para aprovar a instalação da rodovia. De acordo com o Ibama, por se tratar de um ecossistema único e uma área protegida, foram exigidos programas e itens específicos para este trecho dentro do pantanal. A rodovia vai ter sinalização especial, cercas em áreas críticas de mortandade de animais na pista, 93 passagens de animais sinalizadas, um mirante turístico no entroncamento da Estrada Parque para que os turistas e moradores que trafegam pela rodovia possam apreciar a fauna exuberante existente nessa região pantaneira.
Além disso, a rodovia vai contar com monitoramento constante de atropelamento de fauna. Também serão instalados redutores de velocidade em áreas de maior afluxo de animais e armadilhas fotográficas no trecho que vai ser monitorado por biólogos e técnicos do Instituto Tecnológico de Transporte e Infraestrutura da Universidade Federal do Paraná, que foi contratada pelo Dnit para organizar os programas ambientais exigidos pelo Ibama MS.
Conforme o Núcleo de Licenciamento do Ibama em Mato Grosso do Sul, a ideia é viabilizar um sistema de controle ambiental na rodovia de maneira a tornar pacífica a convivência entre os moradores e motoristas que trafegam pela rodovia e os animais que habitam o pantanal nesse trecho preservado do bioma.
Estatísticas
No monitoramento inicial, feito desde junho pela Universidade do Paraná, foram relacionados atropelamentos de 1.400 animais de 88 espécies no período de um ano entre Campo Grande e Corumbá, num trecho de 410 km. (estudos de Fischer em 97, 2003) e constatado o atropelamento de 57 espécimes no trecho de 284,2km entre Anastácio e Corumbá em dois meses de monitoramento.
A maioria dos atropelamentos foi de mamíferos (78,95%); aves (12,28%) e répteis (8,77%). Os atropelamentos ocorreram, em grande parte dos casos, no trecho entre Miranda e Morro do Azeite – 45% da mortandade dos animais. O cachorro do mato foi a espécie mais atingida nos acidentes, seguido pelo tamanduá-mirim. Mas foi constatada, também, a morte de um tamanduá-bandeira, espécie ameaçada de extinção, e de três jaguatiricas, que também constam na lista das espécies ameaçadas.
Além desses resultados preliminares sobre as áreas mais críticas de atropelamentos de fauna neste trecho da BR-262, o Dnit também apresentou o andamento dos outros programas ambientais para a rodovia. Já estão em elaboração e andamento os programas de gerenciamento de riscos e emergências ambientais, o programa de recuperação de áreas degradadas, de Educação Ambiental e de Comunicação Social responsáveis por manter toda a comunidade envolvida no trânsito e habitantes dessa região, informada do caráter especial dessa rodovia.
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