segunda-feira, 22 de agosto de 2011

A ignorância é pior que a pobreza de bens: Crendices do Amazonas estimulam pesca predatória de botos

Pobres animais: vítimas da ignorância...

Em Tefé

Crendices do Amazonas estimulam pesca predatória de botos no Amazonas

Plantão | Publicada em 22/08/2011 às 10h41m
Portal Amazônia


MANAUS - As lendas amazônicas exaltam a beleza da riqueza natural da região. O problema é quando estas crenças regionais começam a interferir na fauna. As crendices podem ser as principais responsáveis pela pesca predatória do boto cor-de-rosa, ou boto vermelho. Segundo pesquisa de iniciação científica realizada em Tefé, a 516 quilômetros de Manaus, o uso de partes do corpo do animal como amuletos e ingredientes para poções mágicas estimulam a pesca predatória.
A pesquisa "A relação entre a comunidade pesqueira no município de Tefé-AM e a população local dos botos vermelhos", coordenada pelo mestre em Zoologia e professor da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Thiago Elisei, indica que em Tefé há registros de agressões a botos.
O objetivo do estudo, desenvolvido no âmbito do Programa de Apoio à Iniciação Científica (Paic), financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), é de revelar a relação entre a comunidade pesqueira do município de Tefé e a população local de botos. Ribeirinhos costumam usar a parte genital do boto como amuleto para a sorte no amor. Alguns animais são encontrados mortos sem nadadeiras e inscrições feitas com faca na cauda.
Ana Caroline Hermes explicou que realizou entrevistas com os pescadores de Tefé que utilizam o rio para suas atividades.
- Trata-se de um questionário etnozoológico para revelar essa relação dos pescadores com os botos vermelhos - explicou.
Dos 50 pescadores entrevistados, 43 descreveram o boto vermelho como prejudicial à pesca. Segundo eles, alguns animais da espécie causam danos aos artefatos pesqueiros, o que gera uma visão negativa destes cetáceos frente aos pescadores locais.
- Entre estes danos, eles relataram furos nas malhadeiras - disse a pesquisadora.
Segundo ela, quando questionados sobre o que os pescadores fazem para diminuir estes danos, alguns dos entrevistados responderam que nada fazem contra os botos. Outros, no entanto, revelaram que agridem com terçados e remos. A minoria afirmou apenas bater na água ou fazer algum tipo de barulho para afastá-los.
A pesquisadora, no entanto, explicou que os animais são curiosos e, eventualmente, se aproximam dos pescadores, embarcações e nadadores.
O levantamento comprovou ainda mais que há uma relação desarmônica entre a colônia de pescadores com os botos existentes na localidade.
- É dessa forma que o projeto busca contribuir com a formulação de políticas públicas e elaboração de um plano de manejo para reduzir os danos a esses animais, já considerados em situação vulnerável - afirmou.
O estudo indica que neste diálogo devem ser contempladas as informações sobre a importância dos botos para a população pesqueira e o meio ambiente.
- Esta pesquisa gera dados iniciais para um possível plano de manejo no rio Tefé, a fim de minimizar os problemas causados a ambos os grupos envolvidos na relação boto-pescador - assegurou Hermes.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/cidades/mat/2011/08/22/crendices-do-amazonas-estimulam-pesca-predatoria-de-botos-no-amazonas-925175290.asp#ixzz1VmwZf4qR 
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